Da faculdade de direito ao tribunal: o meu percurso jurídico

A escolha de uma carreira jurídica é, muitas vezes, uma decisão motivada por uma paixão profundamente enraizada pela justiça e pelo desejo de causar um impacto significativo na sociedade. O meu caminho desde os primeiros tempos da faculdade de Direito até estar perante um juiz tem sido uma viagem em evolução, repleta de desafios e triunfos. Neste artigo, irei partilhar as minhas experiências e perspetivas sobre como fiz a transição de um esperançoso estudante de Direito para um advogado em exercício no tribunal.

A faísca: porque escolhi a lei

Para muitos, a decisão de exercer advocacia é desencadeada por uma experiência pessoal ou pelo desejo de contribuir para a mudança social. Para mim, foi uma combinação de ambos. Enquanto crescia, fascinava-me histórias de figuras históricas que usavam a lei como ferramenta para a justiça. A sala de audiências, para mim, simbolizava um lugar onde a verdade prevalece e onde os indivíduos podiam lutar pelos seus direitos. Estas primeiras influências plantaram a semente que mais tarde resultou na minha decisão de estudar Direito.

Quando chegou a altura de escolher uma carreira, sabia que o direito não se tratava apenas de conhecer as regras – tratava-se de compreender as pessoas, as circunstâncias e a complexidade da própria vida. Com esta perceção, estava pronto para embarcar no que seria um caminho longo, árduo, mas gratificante, para me tornar advogado.

A realidade da faculdade de direito

Antes de entrar na faculdade de Direito, tinha romantizado como seria a experiência. Os programas de televisão retratam frequentemente os estudantes de direito como indivíduos de fala rápida e raciocínio rápido, que apreendem imediatamente conceitos jurídicos complexos. No entanto, a realidade é muito mais desafiante. A faculdade de Direito é exigente de uma forma que não esperava. O infame método socrático, em que os professores convocam os alunos para dissecar casos, era simultaneamente aterrador e estimulante.

O primeiro ano, conhecido como ano “1L”, foi especialmente rigoroso. Estava repleto de resumos de casos, leituras intermináveis ​​e aprendizagem a pensar crítica e analiticamente. Cursos como contratos, responsabilidade civil e direito penal levaram-me a adaptar-me a uma nova forma de pensar. Mas, para além dos académicos, foi uma lição de resiliência. A faculdade de Direito obriga-o a priorizar, organizar e pensar sob pressão – competências que mais tarde me serviriam bem na minha carreira jurídica.

No entanto, no meio da rotina, a faculdade de Direito ofereceu momentos de conexão e crescimento. A adesão a organizações estudantis e a participação em concursos judiciais simulados permitiram-me estabelecer laços com colegas estudantes que, como eu, tentavam encontrar o seu lugar no mundo jurídico. Estas relações tornaram-se sistemas de apoio essenciais, lembrando-me que não estava sozinho nesta exigente viagem.

Ganhando experiência prática

Embora a faculdade de direito forneça a base teórica, a experiência real de trabalhar num ambiente jurídico oferece lições inestimáveis. Durante o meu segundo verão na faculdade de Direito, consegui um estágio num escritório de advogados. Esta foi a primeira vez que consegui aplicar o que aprendi na sala de aula a casos reais.

No escritório, fui destacada para diversas tarefas, desde a realização de pesquisas jurídicas até à elaboração de petições e requerimentos. Embora o trabalho ocorresse frequentemente nos bastidores, era vital para o progresso dos casos. Rapidamente percebi que ser advogado nem sempre era glamoroso. Grande parte do trabalho envolveu preparação, papelada e precisão. Aprendi como era crucial verificar cada facto, cada citação e cada argumento jurídico. Descobri que a atenção ao detalhe era o que separava um bom advogado de um excelente advogado.

O estágio também me proporcionou uma compreensão mais profunda das interações com os clientes. O direito, na sua essência, é uma profissão de serviços, e compreender as necessidades, medos e expectativas do cliente é essencial. Os meus mentores no escritório foram fundamentais para me ensinar a comunicar conceitos jurídicos complexos de uma forma que os clientes pudessem compreender. Esta foi a minha primeira experiência com o lado humano do direito – o lado que me fez lembrar porque é que queria ser advogado.

Decidir sobre uma especialidade

Uma das decisões mais desafiantes para qualquer estudante de Direito é escolher uma especialidade jurídica. O direito é um campo vasto com numerosos ramos, do direito penal ao direito societário, do direito do ambiente ao direito da família. Para mim, a decisão surgiu depois de ter passado um ano como escriturário de um juiz civil.

A exposição ao litígio civil foi fascinante. Observei advogados experientes a discutir casos, a negociar acordos e a apresentarem provas. O que me atraiu para o contencioso foi a combinação do rigor intelectual e da aplicação prática da lei. A sala de audiências tornou-se o meu teatro – um lugar onde podia argumentar, defender e lutar pela justiça. Embora o litígio possa ser intenso e de alto risco, o desafio foi o que me motivou a segui-lo como a minha especialidade.

O desafio do exame da Ordem

Depois de me formar na faculdade de Direito, o meu próximo obstáculo foi passar no exame da Ordem. Para a maioria dos licenciados em direito, o exame da Ordem é uma tarefa difícil. Não é apenas um teste de conhecimentos, mas também um teste de resistência. Meses de preparação culminam num exame de dois dias que abrange uma vasta gama de assuntos jurídicos, do direito constitucional ao processo penal, dos contratos aos exames.

Dediquei meses da minha vida à preparação do bar. Foi um período marcado por um estudo intenso, inúmeros simulados e momentos de dúvidas. Mas, tal como na faculdade de Direito, passar na ordem exigia persistência e foco. Quando recebi os resultados e soube que tinha passado, parecia que a peça final de uma longa viagem se tinha encaixado.

Entrando na sala de audiências

A minha primeira comparência num tribunal como advogada licenciada foi ao mesmo tempo estimulante e stressante. Passei anos a preparar-me para este momento – aprendendo a lei, praticando as minhas capacidades de defesa de direitos e ganhando experiência. Mas nada se compara à coisa real.

Lembro-me de entrar no tribunal, com o peso da minha responsabilidade a pesar-me sobre os ombros. Eu estava lá para representar o meu cliente, lutar pelos seus direitos e usar a lei para alcançar o melhor resultado possível. Este primeiro caso não foi um julgamento que fez manchetes, mas foi um marco importante na minha carreira. Reafirmou porque escolhi esta profissão. O tribunal, para mim, era um lugar onde a lei ganhava vida.

Com o tempo, fui ganhando confiança nas minhas capacidades. Cada caso trouxe novos desafios, novas oportunidades de aprendizagem e novas vitórias. Embora o tribunal possa ser um local de grande tensão e emoção, é também onde me sinto mais em casa.

Lições aprendidas ao longo do caminho

Recordando o meu percurso da faculdade de direito até ao tribunal, destacam-se várias lições importantes. Em primeiro lugar, a importância da perseverança não pode ser exagerada. O Direito é uma profissão exigente e o caminho para se tornar advogado está repleto de obstáculos. Mas, com cada desafio, há uma oportunidade de crescimento.

Em segundo lugar, a construção de uma rede forte é crucial. As relações que formei na faculdade de Direito, durante os estágios e ao longo da minha carreira foram inestimáveis. A orientação, especialmente, desempenhou um papel significativo no meu desenvolvimento enquanto advogado.

Por último, a lei trata das pessoas. É fácil deixarmo-nos levar pelas complexidades das teorias e procedimentos jurídicos, mas, no final do dia, o objetivo do direito é ajudar os indivíduos, as famílias e as empresas a enfrentar situações difíceis. O aspeto mais gratificante da minha carreira tem sido a capacidade de ter um impacto positivo na vida dos meus clientes.

Olhando para o futuro

A minha jornada jurídica está longe de terminar. Cada dia nesta profissão traz novos desafios, novas oportunidades de aprendizagem e novas hipóteses de fazer a diferença. À medida que continuo a crescer na minha carreira, continuo grato pelas experiências que me moldaram e pelas pessoas que me apoiaram ao longo do caminho.

Para quem está a pensar seguir a carreira de Direito, saiba que o caminho não é fácil, mas é extremamente gratificante. Da faculdade de direito ao tribunal, a viagem está repleta de momentos de dúvida, triunfo e tudo o resto. Mas no final, a capacidade de usar a lei para lutar pela justiça faz com que tudo valha a pena.